25.11.06

Não sair daqui

[Dürer - Auto-retrato]


Frio frio frio. E se eu ficasse mais um bocadinho. É pior. Enfiar a cabeça debaixo dos cobertores pesados e não sair daqui. E se eu nunca mais saísse daqui. Amarrado a esta cama. Como aquelas santinhas que nunca se levantam e passam a rezar o tempo todo da vida que o seu deus lhes deu. Isso não queria. Mas a ler. Enrolado nos cobertores a vida toda. A ler. Não ter de me levantar. E a dormir. Quem me dera ser santinho. Mas sem rezar. Levantar-me para quê. Outro dia. Se eu pudesse saltar os dias. Mas saltar para onde. Amanhã será a mesma coisa. E depois de amanhã. Saltar para onde. Saltar para quê. Isto nunca mais acaba. Estes dias angustiados. Não há solução. Há.

10.11.06

Publicação


Alguns textos deste blogue foram publicados na revista Sítio.
Uma correcção à notícia: a ilustração que me é atribuída não é da minha autoria, mas sim do Rui.

2.11.06

Error

[Velde - Navios ancorando]

E depois aquilo começa a apitar. Maximum heart rate. Abrandar. Mesmo que não me sinta mal. E às vezes dá erro. Error. Que quererá dizer. Levo a mão ao peito. Não parou. Sinto-o. Então que é isto. Error? Depois voltam os números. Isto não está bom. Parar e pedir outro. Não. Está-me a saber tão bem. Que se lixe. Cento e cinquenta e nove. Maximum heart rate. Bolas. Será mesmo. Isto pode não estar bom. Ou não estou eu bom. Abrandar. E se não abrandasse. Não há-de vir grande mal. E se viesse. Irónico. Nunca gostei disto. E agora que chego a meio do caminho da minha vida. E se desse erro a sério. Não na máquina. A sério mesmo. Muito me riria. Ou não.