e pesar cada uma das palavras que te vou dizer. Porque eu peso. Tudo. Antes de. Para não me sair nada que me possa depois matar. Tu sabes. Uma palavra que me possa ficar agarrada à garganta e a puxar e a puxar. E depois ficam-me garras cravadas na língua. Ou ganchos. Os ganchos do talho das minhas manias. E a pensar no que disse e no que ficaram a pensar e no que eu não devia ter dito e nas explicações que vou dar porque agora vou ter de dizer agora vou ter de esclarecer e dizer que afinal. Porque repara. E as tripas agarradas à língua arrancada. Porque depois eu não durmo eu não. A remoer a ruminar como as vacas a ruminar medos e manias. E por isso. Se calhar não te vou dizer nada.