[Orazio Gentileschi - Lot e as filhas]
Depois veio aquela noite em que a cerveja escorria mais devagar. E os teus dedos pendurados enrolados na torneira diziam-me que logo quando a noite estiver a morrer e a madrugada. Pára. Já me lembro. Quando a música se misturava com o meu copo molhado a pingar a cerveja que tu me entornavas dededevagarinho. Ofereço-te. E eu enroscado no banco sem costas. Com costas. Lembras-te. Sim. Sem cost. A cair enquanto as horas passavam. E tu de vez em quando desenrolavas os dedos da torneira e a cerveja morria lá dentro. Punhas a música mais alta e enxotavas a patroa para me aqueceres a orelha com coisas que eu já não te ouvia. A afundar-me e a cuspir os olhos lá para cima para o relógio de parede de ponteiros a tremer a ver quanto tempo faltava até a noite começar a morrer e a madrugada. Já não te lembras.