30.8.05

Barco à vela



[Arkhip Kuindji - Mar com barco à vela]

Íamos para a praia de barco. Tínhamos ido viver para o Algarve, mas por azar naquela cidade não havia praia. Assim, apanhávamos o barco, e íamos para a ilha. O caminho era curto, as águas tão baixas que em dias de maré viva baixa o barco encalhava, e tínhamos de esperar que voltasse a encher. Quando as coisas corriam bem, o barco sulcava as águas baixas, cortadas pelas barbatanas dorsais dos cações, pequenos tubarões inofensivos. O barco era feio, chato, largo. Quando espreitava para baixo, para as águas cheias de peixe, pensava que bom seria entrar num barco à vela, e sulcar aquelas águas frescas. O barco deixáva-nos do lado interior da ilha - do lado da cidade. Às vezes atravessávamos a ilha, e íamos ver as praias do outro lado, as praias oceânicas. E era então mais forte o meu desejo por um barco à vela. Eram dias cheios.

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