[Caravaggio, c. 1596 - Leitora da sorte]
Esperávamos pelo início de uma aula, ou talvez tivéssemos faltado. Passeávamos pelo Campo Grande, de braço dado, como habitualmente. Uma cigana fez-nos parar, para nos ler a sorte. A minha primeira reacção foi a habitual nestes casos: um "não" rosnado e um passo em frente. Mas tu achaste que era capaz de ter graça. Acedi, contrariado. A primeira vítima fui eu. A cigana perscrutou longamente as linhas da minha mão, e anunciou sentenciosa que o amor da minha vida era uma mulher morena de longos cabelos encaracolados. Olhei para ti, que rias abertamente, abanando os teus longos cabelos encaracolados, um sorriso travesso na cara morena, e não consegui evitar também eu uma gargalhada. A cigana deu-nos a ambos uma "noz da sorte", que foi dar sorte ao caixote do lixo mais próximo.
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