26.2.07

Sustine diem

[Crónica de Nuremberga, Cato Vticensis]

Não se pode viver assim. Um dia inteiro. Interminável. Depois a noite. Curta. E se não nascesse nunca o dia. Sempre a dormir. Se pudessem os deuses parar a marcha do Sol e fazer a noite maior. Já li tanta coisa. Para quê. Sabe-me mal a pasta de dentes. Voltar para a cama. Não. Para quê insistir. Já não posso voltar atrás. Agora é enfrentar o dia. Ou não. Podia mesmo dizer que estava doente. E depois? Ia ver o mar. Já que não consigo voltar para a cama. Despachar-me. Adormecia com o copo de leite na mão. Como estou agora. Estátua de granito com copo de leite na mão. Porquê granito. É frio. Não sei. E passava o dia a dormir com a cara em cima da mesa. E depois só acordava à noite. E voltava a dormir. E nunca mais acordava. Não tinha de suportar o dia.

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