Há 99 anos atrás nascia o Sporting Clube de Portugal. Não sei por que sou do Sporting. Tenho uma ideia vaga de um dia ter pedido ao meu pai para me levar à bola. De ele me ter dito "só se fores do meu clube". De lhe ter perguntado qual era o clube, e de me ter sido respondido "não posso dizer, se não é batota". De ter corrido para a minha mãe e lhe ter perguntado "qual era o clube do pai". De me ter agarrado às pernas dele a gritar "sou do Sporting". Eu devia ter 6 ou 7 anos. Mas só mais de 20 anos depois é que consegui ir ver o primeiro jogo do Sporting em Alvalade. O meu pai nunca me levou, apesar de eu ter acertado na sua preferência clubística (para desgosto da minha mãe, benfiquista ferrenha). A desilusão pela quebra da promessa paterna foi grande, mas nunca deixei de ser sportinguista. Não deixei nunca de vibrar com cada vitória, nem de suspirar em cada derrota. Penei durante o longo interregno dos anos 80 e 90, sonhando em cada início de época e abanando a cabeça de desilusão de cada vez que a esperança se desfazia. Senti uma alegria indescritível quando se quebrou o jejum, em Maio de 2000, tão grande que nem tive forças para sair à rua a festejar. Fiquei em casa, profundamente emocionado. Achei que ia chorar, mas não chorei. Não consigo chorar quando me emociono profundamente.
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