[Honoré Daumier - Saltimbancos]
Enterraram-na no dia de anos. Domingo.
Levantaram-lhe a tampa do caixão e puxaram-lhe os panos e não havia gritos. A cara velha e os cabelos amarelos dos anos. Não brancos. Amarelos. Sempre lhos vi amarelos. E a chuva cuspindo-lhe as rugas e os lábios secos. Disseram-lhe adeus e o vento e a chuva babando-nos as caras dormentes. Há sempre o vento e a chuva. E o frio tu lembras-te do frio. Não. Eu sim. Do céu azul de chumbo e de frio. E dos gritos que me arrancavam as tripas e do rapaz que passou por mim e me deitou os olhos vermelhos de tanto chorar e a boca torcida numa dor que eu sei. Fecharam-lhe a tampa do caixão e a chuva abrandou.
A tua não ta vi fechar. Nem abrir. Só os gritos.
Levantaram-lhe a tampa do caixão e puxaram-lhe os panos e não havia gritos. A cara velha e os cabelos amarelos dos anos. Não brancos. Amarelos. Sempre lhos vi amarelos. E a chuva cuspindo-lhe as rugas e os lábios secos. Disseram-lhe adeus e o vento e a chuva babando-nos as caras dormentes. Há sempre o vento e a chuva. E o frio tu lembras-te do frio. Não. Eu sim. Do céu azul de chumbo e de frio. E dos gritos que me arrancavam as tripas e do rapaz que passou por mim e me deitou os olhos vermelhos de tanto chorar e a boca torcida numa dor que eu sei. Fecharam-lhe a tampa do caixão e a chuva abrandou.
A tua não ta vi fechar. Nem abrir. Só os gritos.
1 comentário:
Bem vindo a O Bar do Ossian.
Abraço lusitano!
P. S. Ficou-nos a maldição dos graveyard poets, a morte é tão (esteticamente) elegante.
Lord of Erewhon
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