- "Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita. - Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
- esta selva selvaggia e aspra e forte
- che nel pensier rinova la paura!"
Dante, Divina Comédia, Inferno, I, 1-6.
Não sei se estou a meio caminho. Às vezes gostava de estar no início. Para fazer tudo de novo. Olho para trás e pouco vejo. Gostava de chegar aqui e poder dizer fiz isto. Tenho orgulho naquilo. E não. Olho para trás e vejo pouco. As trevas. Floresta densa onde não entram os raios do Sol. A cada passo torna-se mais densa. Mais negra. Caminho vergado. O cansaço. Não aguento mais. Doem-me as pernas. Estou a meio caminho, dizes tu. Dói-me o corpo. Todo. Não posso parar. Já não vejo nada. A cara sangra arranhada pelas silvas. O corpo todo. Em chaga. Não posso mais. Estarei eu cego ou são as trevas que sufocam a floresta. Tenho de parar. Os tubarões nadam até a dormir. Se param, morrem asfixiados. E se eu parar. Não podes.
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