E antes de cegar. Se ceguei. Já não sei. Porque a verdade é que o que agora é treva já antes. Mas não. Havia um homem. Um velho. De barbas negras. Longas. Pelos pés. Sem roupas. Só barbas. E uns olhos vermelhos de sangue. Ou de fogo. Chamas. Ou carvões. E a luz daqueles olhos era tão pesada. Mais do que. Quando a luz me inundou a cela. Pensei que cegava. Porque era tão tão. Sabes. Assim. Como quem olha para o Sol e lá deixa ficar os olhos. Ou mais forte. E depois apareceu aquele homem. Assim. vulto negro no meio da luz. E eu não via mais nada. Nem paredes. Nem porta. Só luz. E o homem. Como num sonho. Por isso. Não. E a boca era rasgada. Sem lábios. E dela saía uma espada (1). Negra como a barba que o cobria. E da ponta pingava sangue. Podre. Por causa do cheiro. E da cor. Não era vermelho. Pastoso. Negro. Petróleo. Mas era sangue. Porque eu sei. Como se a espada. Se lhe entrasse pela nuca. E lhe rasgasse a boca que não tinha e abanava em fúria. E a espada a cada esticão rasgava-lhe um pouco mais a boca. E espirrava-lhe o sangue e guinchava assim como ferro quente em água fria. E das ventas vento ardente. E eu tapava os olhos com as mãos para não cegar. E o vento ardia e abria caminho por entre os meus dedos. E as chamas entravam-me nos olhos e eu gritava de dor e ninguém me ouvia (2).
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(1) Υἱὸς ἀνθρώπου ut in Apocalipsi Iohannis. Sed hic de quo scribitur non hominis.
(2) آخر الليل بتسمع اليعات
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(1) Υἱὸς ἀνθρώπου ut in Apocalipsi Iohannis. Sed hic de quo scribitur non hominis.
(2) آخر الليل بتسمع اليعات
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