«Cada vez mais fui prolongando as madrugadas e encurtando os dias, na esperança de que uma noite perpétua me lançasse um púdico véu de sombra nas bochechas esverdeadas: esta cidade absurda, onde os azulejos multiplicam e devolvem a mínima parcela de claridade num jogo de espelhos sem fim, e onde os objectos vogam suspensos na luz como nos quadros de Matisse, obrigava-me a tropeçar de quarto em quarto à maneira de uma borboleta entontecida, passando uma palma mole pela lixa repelente da barba.»
António Lobo Antunes, Os cus de Judas
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