12.9.08

Kill the pain . XXXII . Quid est ueritas

[Daniele Crespi - Pietà]

للحقيقة وجوه كثيرة
(provérbio árabe)

Mais uma ginja e vamos. E íamos e voltávamos. Não sei para onde. Não interessa. A noite media-se pelo tempo que faltava para. Tu sabes. Por isso íamos e voltávamos. E se nem fôssemos. Se só voltássemos. Voltar a beber-te a boca morna e enterrar-me as mãos no ninho dos teus cabelos. Escalar as escadas. A avenida dos. Lembras-te. Unidos num abraço medonho. Medo. O medo. De que fosse a última noite. Sabe. Eu achava que aquela era sempre a última noite. Que amanhã a noite morria e eu com ela Não se ria. Se me visse na minha ridícula nudez. Os olhos esmagados e a boca seca. Sabe. Não sabe. Se soubesse. Se o senhor me visse. Depois enrolava-me no lençol suado. Sudário. Era um sudário. Onde apodrecia. Devagarinho. Todas as noites. Em silêncio. Sem saber quem és tu. E ainda assim eu dizia-te sempre que sim. A tua puta. Não faça essa cara. Sem uma vírgula de dignidade. Porque eu só queria trepar as escadas e abrir a porta devagarinho e entrar e entornar-me na tua cama em silêncio. E depois sentir-te a pele na minha e as mãos e. A noite media-se assim. O tempo que faltava até me amarrotar e me deitar fora até outro dia outra noite.

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