دَعْ ما يُريبُكَ إلى ما لا يُريبُكَ
recusa o que te inquieta em favor do que não te inquieta
(ditos de Maomé)
recusa o que te inquieta em favor do que não te inquieta
(ditos de Maomé)
Depois descia as escadas ou apanhava o elevador. A verdade é que já não me lembro e não sei se. Porque o que vinha depois sim o que vinha depois. Assim que fechava a porta. Ele. Ou eu. Tanto faz. O medo era sempre o mesmo. Bicho medonho acordado pelo bater da porta. Ali deitado escondido à minha espera. As patas frias molhadas arranhando-me as pernas. Trepando puxando-me os testículos com força e doía. Doía tanto. Sabe. Sabe. Claro que sabe. E as unhas subindo passando ignorando-me o sexo ridículo cravadas na pele. Se ele me deixa o que é que eu faço. E eu sei que ele porque ele mal me olha de dia e de noite vira-me as costas na cama depois de. E não me telefona. E os telemóveis ainda vão ser inventados e só nos vemos nos corredores nas salas nos bares. E se ele foge de mim e eu sei que ele foge de mim. Se hoje não o vir nem amanhã. Cravadas em fúria acima do umbigo. Rasgando-me as carnes e a barriga aberta escancarada vomita-me tripas e sangue e o bicho o medo abrindo caminho dentro de mim comendo roendo-me os ossos cuspindo as gosmas e eu fico ali despejado despejando-me pelos degraus a pensar e se ele hoje à tarde e se ele amanhã. E ainda não lhe contei o que aconteceu mesmo. Não o que aconteceu antes. Porque isso eu conto muitas vezes.
Sem comentários:
Enviar um comentário