irrumabo uos ego et pedicabo
Catulo
Metia a chave na porta e olhava para trás e punha o dedo nos lábios e dizia xiu. Xiu para quê. Não havia velha nenhuma. Só tu e eu e a cama não rangia. Como se eu não existisse. Se eu não estivesse ali. Despido e humilhado. Rasgando as entranhas de medo. Deitando-lhe mãos invejosas. E a cama nada. Como se eu nem. E eu não. Em silêncio. Puta. A cama. Conspirava com ele. Para me humilharem. Os dois. Os três. Ele e a cama e a velha que não existia. Não faças barulho. E eu não fazia e mordia os lábios e a língua enquanto os dele os lábios e a dele a língua. Sabe. Não sabe. Como pode saber. Não fosse eu rosnar ou gemer. Mas eu nunca. Sempre calado. Para quê para quê mentir para quê a velha. Sempre em silêncio. Mesmo quando. Devagar pára. Já está.Catulo
vergonha
Não tive a culpa. Os teus lábios e a língua e as. Chega. Não aguentei. O senhor sabe. Tem de saber. Uma toalha. Se eu queria uma toalha. Para me limpar. Ou talvez fosse para me tapar. Para não me ver. Era isso. Tinha nojo de mim. Porque depois virava-se de costas e até amanhã. E o que eu queria era uma janela. Abrir a janela. Vomitar vomitar-me lá para baixo. Fugir do calor e do meu embaraço. O meu pequeno embaraço. Molhado lambido e a barriga peganhenta. E as mãos. Uma toalha. Não. O que eu quero é que. Quê. Um décimo ou décimo primeiro andar. Não sei. Não me lembro. Não interessa. Já passou.
1 comentário:
Vergonha??
Palavra forte, não é?
Significa sim...mil coisas.
Mas nunca queremos usar, nem sentir.
Seus textos são lindos, parabéns!
Abraços,
Regina.
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