Não disfarçavas. Queria-lo. E era-te indiferente que eu estivesse ali, ao teu lado. Agias como se já nada houvesse entre nós. A nossa relação estava moribunda, era verdade. Ainda assim eu tinha esperança. Sempre tive esperança. Sou um optimista. E era um ingénuo. Achava que não me irias deixar, que acabarias por reconhecer que eu era o homem da tua vida. Por isso, embora com um nó na garganta, ia sorrindo, para ti e para ele. Em vão. Para vocês eu já não estava ali. Ignoravam-me. Ou sorriam-me com condescendência. Entretinham-se ambos num óbvio jogo de sedução. Ele queria-te. E era-lhe indiferente que eu estivesse ali, ao teu lado. Eu ia bebendo. Fumando. Num desespero mudo. Ele era mais feio do que eu - e naqueles meus quase imberbes 19 anos a beleza era algo a que dava suma importância. Era feio, ele, sim. Mas poderia dar-te outras coisas que eu não estava pronto nem disposto a dar. Tu sabia-lo. E para ti a beleza era o menos importante. Eu sorria, tentava entrar na conversa. Mas para vocês era como se eu há muito tivesse deixado a mesa. Estavam só os dois, sozinhos. Era escritor, dizia. Os teus olhos brilhavam. Pediste-lhe uma dedicatória. Num guardanapo escreveu-te uma história (quantas destas terá escrito, sentado em mesas de bares?). E, convenientemente, rabiscou o número de telefone. Depois encenou uma saída repentina e misteriosa, com uma última sequência de olhares de sedução, e veladas promessas de prazeres sem fim. Então fizeste uma coisa muito estúpida. Pediste-me que te guardasse o papel até ao fim da noite. E eu guardei-o. Num bolso roto. Eu tinha sempre os bolsos rotos, lembras-te?
29.3.06
O bolso roto
Não disfarçavas. Queria-lo. E era-te indiferente que eu estivesse ali, ao teu lado. Agias como se já nada houvesse entre nós. A nossa relação estava moribunda, era verdade. Ainda assim eu tinha esperança. Sempre tive esperança. Sou um optimista. E era um ingénuo. Achava que não me irias deixar, que acabarias por reconhecer que eu era o homem da tua vida. Por isso, embora com um nó na garganta, ia sorrindo, para ti e para ele. Em vão. Para vocês eu já não estava ali. Ignoravam-me. Ou sorriam-me com condescendência. Entretinham-se ambos num óbvio jogo de sedução. Ele queria-te. E era-lhe indiferente que eu estivesse ali, ao teu lado. Eu ia bebendo. Fumando. Num desespero mudo. Ele era mais feio do que eu - e naqueles meus quase imberbes 19 anos a beleza era algo a que dava suma importância. Era feio, ele, sim. Mas poderia dar-te outras coisas que eu não estava pronto nem disposto a dar. Tu sabia-lo. E para ti a beleza era o menos importante. Eu sorria, tentava entrar na conversa. Mas para vocês era como se eu há muito tivesse deixado a mesa. Estavam só os dois, sozinhos. Era escritor, dizia. Os teus olhos brilhavam. Pediste-lhe uma dedicatória. Num guardanapo escreveu-te uma história (quantas destas terá escrito, sentado em mesas de bares?). E, convenientemente, rabiscou o número de telefone. Depois encenou uma saída repentina e misteriosa, com uma última sequência de olhares de sedução, e veladas promessas de prazeres sem fim. Então fizeste uma coisa muito estúpida. Pediste-me que te guardasse o papel até ao fim da noite. E eu guardei-o. Num bolso roto. Eu tinha sempre os bolsos rotos, lembras-te?
23.3.06
Madrugada
[Münch - Desespero]
21.3.06
Vaga, no azul amplo solta
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma,
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa
Partida
18.3.06
Onde estás?
Lá vem ela
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui chantent Les rêves qui les hantent Au large d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui dorment Comme des oriflammes Le long des berges mornes Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui meurent Pleins de bières et de drames Aux premières lueurs Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui naissent Dans le chaleur épaisse Des langueurs Océanes Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui mangent Sur des nappes trop blanches Des poissons ruisselants Ils vous montrent des dents A croquer la fortune A décroisser la lune A bouffer des haubans Et ça sent la morue Jusque dans l'coeur des frites Que leurs grosses mains invitent A revenir en plus Puis se lèvent en riant Dans un bruit de tempête Referme leurs braguettes Et sortent en rotant | Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui dansent En se frottant la panse Sur la panse des femmes Et ils tournent et ils dansent Comme des soleils crachés Dans le son déchiré D'un accordéon rance Ils se tordent le cou Pour mieux s'entendre rire Jusqu'à ce que tout à coup L'accordéon expire Alors, d'un geste grave Alors le regard fier Ramènent leurs bataves Jusqu'en pleine lumière Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui boivent Et qui boivent et reboivent Et qui reboivent encore Ils boivent à la santé Des putains d'Amsterdam De Hambourg ou d'ailleurs Enfin, ils boivent aux dames Qui leur donnent leurs jolis corps Qui leur donnent leurs vertus Pour une pièce en or Et quand ils ont bien bu Se penchent le nez au ciel Se mouchent dans les étoiles Et ils pissent comme je pleure Sur les femmes infidèles Dans le port d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam |
---------------------
In the port of Amsterdam
There's a sailor who sings
Of the dreams that he brings
From the wide open sea
In the port of Amsterdam
There's a sailor who sleeps
While the river bank weeps
To the old willow tree
In the port of Amsterdam
There's a sailor who dies
Full of beer, full of cries
In a drunken town fight
In the port of Amsterdam
There's a sailor who's born
On a hot muggy morn
By the dawn's early light
In the port of Amsterdam
Where the sailors all meet
There's a sailor who eats
Only fish heads and tails
And he'll show you his teeth
That have rotted too soon
That can haul up the sails
That can swallow the moon
And he yells to the cook
With his arms open wide
"Hey, bring me more fish
Throw it down by my side"
And he wants so to belch
But he's too full to try
So he stands up and laughs
And he zips up his fly
In the port of Amsterdam
You can see sailors dance
Paunches bursting their pants
Grinding women to porch
They've forgotten the tune
That their whiskey voice croaked
Splitting the night
With the roar of their jokes
And they turn and they dance
And they laugh and they lust
Till the rancid sound of the accordion bursts
And then out of the night
With their pride in their pants
And the sluts that they tow
Underneath the street lamps
In the port of Amsterdam
There's a sailor who drinks
And he drinks and he drinks
And he drinks once again
He'll drink to the health
Of the whores of Amsterdam
Who've given their bodies
To a thousand other men
Yeah, they've bargained their virtue
Their goodness all gone
For a few dirty coins
Well he just can't go on
Throws his nose to the sky
And he aims it up above
And he pisses like I cry
On the unfaithful love
In the port of Amsterdam
In the port of Amsterdam
17.3.06
I’ll protect you from the hooded claw, keep the vampires from your door
The Power of Love
I’ll protect you from the hooded claw
Keep the vampires from your door
Feels like fire
I’m so in love with you
Dreams are like angels
They keep bad at bay, bad at bay
Love is the light
Scaring darkness away - yeah
I’m so in love with you
Purge the soul
Make love your goal
The power of love
A force from above
Cleaning my soul
Flame on burn desire
Love with tongues of fire
Purge the soul
Make love your goal
I’ll protect you from the hooded claw
Keep the vampires from your door
When the chips are down I’ll be around
With my undying, death-defying
Love for you
Envy will hurt itself
Let yourself be beautiful
Sparkling love, flowers
And pearls and pretty girls
Love is like an energy
Rushin’ rushin’ inside of me
This time we go sublime
Lovers entwine - divine divine
Love is danger, love is pleasure
Love is pure-the only treasure
I’m so in love with you
Purge the soul
Make love your goal
The power of love
A force from above
Cleaning my soul
The power of love
A force from above
A sky-scraping dove
Flame on burn desire
Love with tongues of fire
Purge the soul
Make love your goal
I’ll protect you from the hooded claw
Keep the vampires from your door
Frankie Goes to Hollywood
13.3.06
Nada, mesmo nada
Nada
9.3.06
Lamento della Ninfa (III)
Lamento della Ninfa (II)
5.3.06
Lamento della Ninfa (I)
Lamento della Ninfa
Modo di rappresentare il presente canto. Le tre parti, che cantano fuori del pianto de la Ninfa, si sono così separatamente poste, perchè si cantano al tempo de la mano; le altre tre parti che vanno commiserando in debole voce la Ninfa, si sono poste in partitura, acciò seguitano il pianto di essa, qual va cantato a tempo del'affetto del animo, e non a quello de la mano.
Non havea Febo ancora
recato al mondo il dì,
ch'una donzella fuora
del proprio albergo uscì.
Sul pallidetto volto
scorgeasi il suo dolor,
spesso gli venia sciolto
un gran sospir dal cor.
Si calpestando fiori
errava hor qua, hor là,
i suoi perduti amori
così piangendo va.
Amor, (dicea, il ciel
mirando, il piè fermò),
dov'è la fe
ch'el traditor giurò?
(miserella)
Fa che ritorni il mio
amor com'ei pur fu,
o tu m'ancidi, ch'io
non mi tormenti più;
(Miserella ah più, no,
tanto gel soffrir non può)
Non vo' più ch'ei sospiri
se non lontan da me.
No no, che i suoi martiri
più non dirammi, affè!
(Ah miserella. Ah più no no)
Perché di lui mi struggo,
tutt'orgoglioso sta,
che sì, che sì, s'il fuggo
ancor mi pregherà?
(Miserella, ah, più non
tanto gel soffrir non può)
Se ciglio ha più sereno
colei che'l mio non è,
già non rinchiude in seno
amor sì bella fè.
(Miserella, ah, più non
tanto gel soffrir non può)
Ne mai si dolci baci
da quella bocca havrai
ne più soavi, ah taci,
taci, che troppo il sai!
Si, tra sdegnosi pianti,
spargea le voci al ciel;
così ne' cori amanti
mesce Amor fiamma e gel.
Claudio Monteverdi, "L'Ottavo Libro de Madrigali", 1638
Texto de Ottavio Rinuccini
4.3.06
El desierto
He venido al desierto para irme de tu amor,
¡Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor!
He venido a ese centro de la nada
pa' gritar,
Que tú nunca mereciste lo que
tanto quise dar...
¡Que tú nunca mereciste lo que
tanto quise dar !
He venido al desierto para irme de tu amor,
¡Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor!
He venido a ese centro
de la nada pa' gritar,
Que tú nunca mereciste...
He venido yo corriendo,
olvidándome de ti,
¡Dame un beso pajarillo
no te asustes colibrí !
He venido encendida al desierto
pa quemar,
Porque el alma prende fuego
cuando deja de amar...
Porque el alma prende fuego
cuando deja de amar.
He venido yo corriendo y olvidándome de ti,
¡Dame un beso pajarillo,
y no te asustes colibrí!
He venido encendida al desierto
pa quemar,
Porque el alma prende fuego...
He venido yo corriendo olvidándome de ti,
¡Dame un beso pajarillo,
y no te asustes colibrí!
He venido encendida al desierto
pa quemar,
Porque el alma prende fuego cuando
deja de amar...
Porque el alma prende fuego cuando
deja de amar...
He venido al desierto para irme de tu amor,
¡Que el desierto es más tierno
y la espina besa mejor!
He venido a ese centro de la nada
pa' gritar,
¡Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar !
He venido yo corriendo olvidándome de ti,
¡Dame un beso pajarillo,
y no te asustes colibrí!
He venido encendida al desierto
pa' quemar,
Porque el alma prende fuego...
2.3.06
Missa
Luz
1.3.06
Tentação
a R.