20.6.05

Otium sine litteris mors est et hominis uiui sepultura


[Giuseppe Maria crespi, 1725 - Estante de livros]

Se tivesse de escolher algo meu para salvar, se tivesse um dia de fugir de casa com as coisas que me são mais queridas... As coisas mais preciosas que tenho em minha casa são os meus livros. A minha biblioteca, construída ao longo dos últimos vinte e tal anos. Trato-a com carinho e veneração, como a um familiar já velho, que conhecemos desde sempre, que nos educou, que nos formou. Quem sou hoje está ali naquelas estantes. Livros que me ofereceu a minha mãe quando eu não tinha ainda idade para ter gostos literários, e que me moldaram como homem. Os livros que amigos me ofereceram. Os livros que eu mesmo escolhi e comprei, ou pedi à minha mãe que comprasse. Ali estão os exemplares sobreviventes de "Os cinco", que devorava quando era miúdo. O Eça, que li na íntegra durante a adolescência. O Umberto Eco, que venero, leio e releio desde que o descobri em 1990. O Joyce, difícil e fascinante. Tantos, e tantos ainda que me falta ler. Há quem ame o seu carro. Eu amo a minha biblioteca.

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