Livros nunca escrevi. Suponho que esporádicas publicações científicas e literárias em revistas e jornais não contem. Tem de ser mesmo um livro. Com o meu nome na capa. Não sei se algum dia o farei. Duvido. Não tenho vocação para textos longos. Prefiro as frases curtas. Concisas. Destinado às colaborações esporádicas e a este e outros blogues.
Filhos nunca os tive. Agora podia acrescentar o previsível "que eu saiba". Mas não. Não tenho mesmo. De certeza absoluta. Nem quero ter. Deus me livre, diria, se fosse crente. Não é que não goste de crianças. Gosto. Caladinhas ou longe de mim. Ou maiores de dezoito. Muitas coisas falharam na constituição do meu património genético, esta é uma delas. Não tenho nem sequer vestígios de instinto paternal. Nada. São-me indiferentes. Pequenas bolas de carne hiantes. Por vezes mordem. Não, obrigado. Respeito muito quem gosta delas, porém.
Árvores já as plantei. Ou melhor, plantei uma. Lembro-me dessa manhã. Primavera chuvosa. O cheiro a pedra molhada. Doces dias. Enfiava os botins de borracha e corria até à escola, chapinhando nas poças de água. Ainda havia campo ao pé de casa. Por isso talvez não fosse cheiro a pedra molhada. Terra. Era a aula de hortofloricultura. Havia disciplinas com nomes destes, dantes. Escolhera-a porque vivia na terra. Encharcado na lama. Para desespero da mãe. Saltavam répteis e batráquios dos meus bolsos. Uma vez uma cobra deixou um cheiro forte numa camisa. Nunca mais saiu. Mas naquele dia não havia cobras. Nem rãs. Naquele dia havia aula prática.
Mais tarde contarei o que aconteceu. Agora não me apetece. Já vai longo este texto. Demasiado.
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