17.7.06

O rapaz do sorriso

[Caravaggio - São João Baptista]

Ginga rua acima sorriso aberto. É quase um riso. Um sorriso a perder o sub. De que se ri. Ninguém sabe. Nem ele. Saberá, afinal ninguém se ri de nada. Não. Juro que não sabe. Não olha para ninguém, avança decidido. De vez em quando leva o cigarro aos lábios semperssorridentes. Abana a cabeça expele o fumo. Abana a cabeça chupa o cigarro. Sempre a sorrir. Sempre a rir. Nunca o vi de outra maneira. Todos os dias. Há anos. Pode lá ser. Juro. Todo ele ri. Os olhos. A boca. Os caracóis. É sorriso sentido. Mas não sabe do que ri. Não sabe por que sorri. Como sabes que não sabe. Porque ninguém sorri se não está feliz. E ninguém está feliz todos os dias. Lá vai ele gingando. O rapaz do sorriso. Que se ri não sabe de quê.

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