3.9.07

Frio frio frio

[Dürer - Auto-retrato]

Frio frio frio. E se eu ficasse mais um bocadinho. É pior. Enfiar a cabeça debaixo dos cobertores pesados e não sair daqui. E se eu nunca mais saísse daqui. Amarrado a esta cama. Como aquelas santinhas que nunca se levantam e passam a rezar o tempo todo da vida que o seu deus lhes deu. Isso não queria. Mas a ler. Enrolado nos cobertores a vida toda. A ler. Não ter de me levantar. E a dormir. Quem me dera ser santinho. Mas sem rezar. Levantar-me para quê. Outro dia. Se eu pudesse saltar os dias. Mas saltar para onde. Amanhã será a mesma coisa. E depois de amanhã. Saltar para onde. Saltar para quê. Isto nunca mais acaba. Estes dias angustiados. Não há solução.

1 comentário:

Anónimo disse...

As vezes também me sinto assim. O remédio é o sol, que a todos dá, sua luz que esquenta e espanta os demônios das nossas entranhas.

Rogerio - Bh - Brasil