9.9.07

Kill the pain . IV . Bloodstains

[Bernardino Luini - Salomé com a cabeça de São João Baptista]
more sweet
more sweet

iconography fucks with me

you look great in bloodstains

(cantado por Massive Attack)

Sicut ouis. Sinto-lhe os olhos miúdos lambendo-me o corpo. E os lábios esmagados para não soltar o escárnio. Torce o nariz de rato e cospe um 'venha' quase inaudível. E eu vou. Porque não tenho para onde ir. E por isso tanto faz.

A dor. Lá está. Outra vez. Esmagando-me o peito. Nem aqui. Porque eu pensava que. Afinal. O frio. E a dor. Como lá fora. E o medo. Não. Isto sou eu. É o medo. O medo de. Basta. Tem de ser. Não há nada lá fora. Só o escuro. E o frio. Já chega. Que tenho eu a perder. Ou a ganhar. E a dor. E se um dia tem de ser. E a angústia. E este aperto que me rebenta as entranhas. Que seja agora. Para quê esperar. É a mesma coisa. Agora ou depois. Não. Não é. Se for agora custa menos. Não aquilo. Porque aquilo é igual. É sempre igual. Custa menos o resto. Se for agora. Porque se não podem ser anos. Décadas. De aperto. De medo. De dor. Mas e se. Não. Se até agora não. Trinta e seis. Mais outros tantos de acordo com as estatísticas. E eu não aguento. Não dá.

'Entre. Não tenha medo.'

Vai ser aqui então. Achava que ia ser diferente. Uma masmorra. No fundo de um poço fundo. Com correntes presas em argolas pregadas na parede. E musgo. Muito musgo em pedras gigantes. Não sei. Carceri d'invenzione na minha cabeça. Não era isto. Decepcionante. Uma cela nua. Nem uma corrente. Nada. Nem catre. Para quê. Se eu não vou dormir. Só vou. E depois acaba-se esta dor. As entranhas calcadas pisadas sem dó. Tudo. Ou não. Porque. E se. Não sei. Já não sei. Nada. E por isso o melhor é. Porque voltar lá para fora. Para a dor que me arranca as tripas. Não não não. Ad occisionem.

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