4.4.06

A estrada de Damasco (II)

[Fra Angelico - Iluminura representanto a conversão de Paulo na estrada de Damasco]

Faz de mim o que quiseres. Ofegante. Sentia-lhe a língua húmida a percorrer-me o pescoço. Excitava-me. Beijava-lhe o pescoço, os lábios, quando os apanhava. Sussurrava-me coisas ininteligíveis. E eu suava, descontrolado. Enrolava-se em mim. Serpente. Ofegava. Eu reagia instintivamente, respondia com o corpo. Percorria-me com mãos ávidas, mordia-me as orelhas. Em delírio. Faz de mim o que quiseres, rouquejava. E eu percebi, finalmente, que não queria fazer-lhe nada.

Sem comentários: