Mochila às costas, um pé no comboio, outro na plataforma, mais um beijo de despedida à mãe. Um último adeus e entro na carruagem. Tenho ganas de partir, de conhecer o mundo. Um formigueiro insuportável no estômago. Sento-me. Olho pela janela. Ela chora. Eu volto a cara para não ver, para não chorar também. Pegar na mochila e saltar de novo para a plataforma. Não ir. Ficar. Ficar com a mãe. O comboio parte. Demasiado tarde. Agora vou mesmo. Tem de ser. Sinto-me homem pela primeira vez. Naquele dia o mundo mudou. Mochila às costas. Parto à aventura. Sozinho. Não tenho destino preciso. Só sei que vou para Milão, encontrar-me com a Soledad, de quem não tenho nem o telefone nem a morada. Sei onde trabalha, mas chegarei a Milão num sábado. Terei de esperar dois dias. Não importa. Parto. Sozinho. Depois, se encontrar a Soledad, se decidirá o rumo da viagem. Agora só sei que vou. Para onde, não importa.
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