23.4.07

As mãos

[Delacroix - Mar visto de Dieppe]

Mãos


Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender.

Sophia de Mello Breyner Andresen


Glosa. Côncavas de quem não tem. Mas dá. Porque. Aquele quadro do Arpad. Le seul cadeau que je peux t'offrir. Isto é o que ele diz. Ce que j'ai de plus précieux. Côncavas de tocar. Leves. Longas. De. Não é. Não é de desejo. As mãos não sentem. As mãos não desejam. Falam. As mãos dizem. E não é desejo. É حب. Abandonadas sobre o teu corpo. Quentes. Murmuram. أحبك. Sossegadas. Não prendem. Nunca. Só tocam. Leves. Quietas.

1 comentário:

ritagrama disse...

A vida era a mágoa
para mim que só pedia
a beleza contida
de pequeno copo de água.

Ruy Belo