[Bosch - Nauis stultifera]
Agora é nau. Pesada e rangente. Atulhada de fantasmas e demónios. Água negra lodosa lutuosa. O claro veleiro ficou no mar claro. Seguindo a sua viagem. Aqui regressa a nau. Tombando aflita para o lado. E há fantasmas que nascem do lodo fedorento e abordam enfurecidos a nau esmagada de dores. E há um que rosna risus abundat in ore stultorum e os outros guincham e casquinam. Agora é nau. E volta ao pântano. De onde não mais sairá.
2 comentários:
Eu dei pela falta do veleiro.
Eu fiz a pergunta.
Eu nunca aí estive.
I'm a whale and a ship.
Not a butterfly.
Acima, acima, gageiro
Acima ao mastro real
Vê se vês terras de Espanha
Ou praias de Portugal!
Nau Catrineta.
Estribilho
Comentário mais estúpido, o meu.
É que de repente.Não Não Não.
Lembrei-me de um nome. De repente.
Mas não pode ser.Não Não Não!
SONETO
Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz do esquecimento.
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica,e demora-se um momento.
Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo,e se demora.
E mergulha na noite escura e fria
Um olhar de aço,que essa noite explora.
Mas a espora da dor seu flanco estria,
E ele galga e prossegue sob a espora...
Ângelo de Lima
Revista "Sudoeste", nº 3
Novembro de l935
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