"Numa noite calma e luarenta de Julho, Olga Ivánovna estava no convés do vapor do Volga e olhava ora a água, ora as margens aprazíveis. A seu lado estava Riabóvski e dizia-lhe que as sombras negras na água não são sombras, mas sonhos, que à vista desta água-bruxa com seu brilho fantástico, à vista deste céu sem fundo e das margens tristes e pensativas que nos falam da vaidade da vida e nos dizem da existência de alguma coisa superior, eterna, beatífica, seria bom adormecer, morrer, tornar-se lembrança. O passado é vulgar, sem interesse, o futuro é insignificante, e esta noite divina, única em toda uma vida, acaba depressa, funde-se com a eternidade - então, para quê viver?"
Tchékhov, Lavandisca, ed. Relógio d'Água
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