25.8.07

Epistolário XXVIII

[Andrea del Sarto - Retrato de jovem]

Don’t say

we have come now to the end.

White shores are calling.

You and I will meet again.

And you’ll be here in my arms,

just sleeping.

(cantado por Annie Lennox)


Ρ.Α. ao seu André

Não se volta a sítio de onde nunca se saiu. Tu o dizes. Não sei se saiste. Se não. Se quando desapareceste da minha vida eu fiquei na tua mente. Se aquelas memórias que aqui desfias alguma vez te abandonaram. Ou não. Não sei. Se calhar não. Se calhar quando pensava em ti e queria que estivesses ao meu lado. Se calhar também tu me tinhas na mente. Se calhar apenas não podias lutar contra ti mesmo. Contra os teus medos. Não sei. Mas eu senti a tua falta. Não sei se isto é não sair. Talvez seja. Quem sou eu para. Quem és tu.

Não sou eu. Não é o meu fantasma. És tu. Though they keep giving you the it's not you it's me routine. Não funcionas. Não és. Chega. Aprendeste a tua lição. Porque saíste tu da tua clausura de tantos anos? Porque deixaste o sossego da tua solidão? Inebriado com rejuvenescimento surpreendente e espectacular. Eu sei. Mas tu lembras-te de como eras e às vezes pareces ter voltado a ser. De que te valeu então. De que te vale agora. Pára. Desiste.

Não há vazio maior do que aquele onde estou. Tu não sabes o que é o vazio. Tu estás aí. Respiras. Corres. Choras. Até quando. E às vezes eu penso se. Porque tu não vais conseguir. Já experimentaste tudo. Não dá. Deixa de ser tolo. Desiste.

Também eu gostava de te ter perto de mim. Embora isso seja impossível. Porque eu só existo na tua memória. Tu sabes. Ou não. E se. Só há uma maneira de o saberes. Tu sabes.

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