22.8.07
Penduraram-me os nervos numa escápula de ferro
«Meu Deus... meu Deus... Como hei-de suportar esta luz sem fim - inevitável e obcecante...
Ultrapassei-me em tédio. Tudo se esvaziou à minha volta...
Penduraram-me os nervos numa escápula de ferro; ataram-mos numa réstia seca...
Tenho medo de mim, de triste que estou...
Passeio nas ruas, solitário - e o meu olhar, o meu próprio olhar, me fustiga...
Em vão busco ainda acompanhar-me de fantasmas...
Tudo vive esta vida ao meu redor...
Se ao menos existissem outras... Sei lá, vidas instáveis, vidas-aromas - organismos fluidos que se pudessem condensar, solidificar, e de novo evaporar...»
Mário de Sá-Carneiro, A grande sombra, VIII
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