10.2.06

Noites longas

[Oscar Bluemner - Paterson centre]

à memória do Rui

Havia aquelas noites longas, em Lisboa. Não importava o destino. A saída era apenas um pretexto. Os lugares mais improváveis, as companhias mais inverosímeis. Havia sempre um piscar de olho, um sorriso cúmplice. Não precisávamos de palavras. Gozávamos o ridículo, mesmo quando os ridículos éramos nós. O regresso era imprevisível. Uma boleia. O primeiro autocarro. Pouco importava. O dia a nascer. O silêncio da noite terminada. O eterno sorriso trocista.

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