Achámos aquela parede demasiado nua. Pegámos em tintas e pincéis, e enchemo-la de desenhos, uns mais realistas do que outros. Aos poucos foi ganhando forma uma figura antropomórfica, rodeada de pinceladas menos precisas, no centro da parede. Tornou-se como uma deusa protectora da nossa arrecadação. Não tinha cara, apenas os contornos de uma cabeça com uns traços fazendo de olhos. Mas vigiava-nos. Não tirava de nós o seu olhar. Ainda lá está, quase invisível, desgastada pelo tempo e pela humidade. Lançando o seu olhar sobre quem entra e sabe que ela lá está.
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