a E.
Não nos vimos durante vários dias. Aos poucos a recordação da noite no castelo deixara de provocar agradáveis comichões no estômago. Agora era a angústia que, de novo, tomava conta de mim. De novo me convencia de que tudo não tinha passado de um capricho teu. Por isso te olhava agora, ansioso, tentanto perscrutar alguma emoção na tua cara. O teu convite para sair fora uma surpresa. Estava convencido de que não me querias ver mais. Mais surpreendente era a tua indiferença. Bebias, fumavas, de vez em quando olhavas-me e sorrias. Não aguentava mais. Perguntei-te o que tinha significado para ti tudo o que se tinha passado. Não acreditaste quando te disse que eras importante para mim. Disseste que eu era frio e indiferente. Que não tinhas a certeza de que eu não estaria apenas a divertir-me à tua custa, que se calhar eras apenas mais um troféu na minha longa lista. Desesperei. Eu nunca tivera troféus, nem sequer tinha uma lista. Amava-te. Provar-to-ia, se necessário. Olhaste-me desafiador. Que provasse então, disseste, que te beijasse ali mesmo, em frente àquela gente toda, sem vergonhas, sem preconceitos.
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