Havia uma esplanada, em Torres Vedras, que se tornou o nosso ponto de encontro quase diário. Eu costumava chegar primeiro. Sentava-me e esperava ansioso que vocês chegassem. Tu costumavas trazer o maço de tabaco, surripiado do café da família. Ali nos sentávamos então os três, fumando cigarros à socapa, dizendo coisas sem sentido. Outras vezes apenas em silêncio, vendo o Sol pôr-se à nossa frente, num horizonte ainda em parte descoberto. Havia uma calma silenciosa. Apenas os tons laranja do fim da tarde. Ainda lá está, a nossa esplanada, quase vinte anos depois. Agora o seu único horizonte é uma fieira de prédios de muitos andares, do outro lado da rua movimentada. Agora o Sol só a ilumina a meio do dia, quando está bem alto. O resto do dia vive mergulhada na penumbra. E muito, muito barulho de carros e pessoas. Cheiro de escape. Gosto mais dela assim. Ainda que sinta a falta da vossa companhia.
31.1.06
A esplanada
Havia uma esplanada, em Torres Vedras, que se tornou o nosso ponto de encontro quase diário. Eu costumava chegar primeiro. Sentava-me e esperava ansioso que vocês chegassem. Tu costumavas trazer o maço de tabaco, surripiado do café da família. Ali nos sentávamos então os três, fumando cigarros à socapa, dizendo coisas sem sentido. Outras vezes apenas em silêncio, vendo o Sol pôr-se à nossa frente, num horizonte ainda em parte descoberto. Havia uma calma silenciosa. Apenas os tons laranja do fim da tarde. Ainda lá está, a nossa esplanada, quase vinte anos depois. Agora o seu único horizonte é uma fieira de prédios de muitos andares, do outro lado da rua movimentada. Agora o Sol só a ilumina a meio do dia, quando está bem alto. O resto do dia vive mergulhada na penumbra. E muito, muito barulho de carros e pessoas. Cheiro de escape. Gosto mais dela assim. Ainda que sinta a falta da vossa companhia.
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