12.5.06

Feras feridas

Vão partindo, os monstros. Ainda cá ficam alguns, mas por pouco tempo. Estão fracos. Feridos. Vão partindo, aos poucos. Devagarinho. Um a um. Ameaçando sempre voltar. Mas sem força. Monstros feridos de morte que olham para trás e rugem num último estertor. Vão partindo. Para morrer longe. Deixam um rasto de sangue e lágrimas. Destruição. Destroços. Um deserto de dor. Mas vão partindo. Não sei como recomeçar, agora. Se vale a pena recomeçar. Para quê. Podem voltar. Mas não. Não voltam. Vi-os feridos de morte. Encharcados em sangue negro viscoso. Arrastando-se para longe. Lentamente. Mas ainda cá ficam alguns, estrebuchantes. Fracos. Feridos. Em breve partirão. Em breve irão morrer longe, junto dos outros. Feridos de morte. Estarão mesmo feridos de morte? Estarão apenas a restabelecer-se, fora da minha vista, prontos para regressarem ainda mais ferozes? Feras feridas.

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