6.5.06

O silêncio

[Caravaggio - São João Baptista]

a E.

Cuidado, ela pode ouvir-nos. Entra depressa. Fechava silenciosamente a porta da rua. O quarto era logo ali. Escuro. Morno. Despíamo-nos em absoluto silêncio. Enlaçados, silenciosos. Trocávamos beijos sem dizer palavra. Afagava-lhe o peito glabro, devagarinho, com medo de fazer barulho denunciador. Eram noites sem sexo. Bastavam os corpos enrolados. Os beijos longos. O calor do corpo do outro. Eram noites sem sono. De paixão contida. Amanhece. Amo-te muito. Levantava-se, certificava-se de que a senhoria não estava por perto e fazia-me sinal. Corre, depressa. Sai. Adoro-te. Até logo.

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