24.5.06

Qui uenit ad me non esuriet

[Bosch - São João Baptista]

Fui aprendendo a viver neste deserto. Não um deserto de areias ardentes. Um deserto pedregoso. Habitado por pequenos animais. Semeado de plantas esparsas. Com raros oásis que só eu conheço. Alguns secam. Trato de procurar outros. Não me dou mal, aqui. Gosto do meu deserto. Para quê um rio caudaloso quando um riacho me mata a sede. Para quê gordos bois quando gafanhotos e mel me saciam. Fui ganhando amor a este deserto. Às suas pedras. Subo as escarpas mais altas e olho em volta. Nada disto é meu. Ainda bem.

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