1.5.06

Peregrinatio mediolanensis IX

Há coisas bonitas, em Milão. O Duomo. Não gastarei palavras para descrever aquilo que só os olhos e os ouvidos podem sentir completamente. Aquele mesmo Duomo, que no dia anterior me passara despercebido, por entre a névoa cinzenta que então me cobria os olhos. As galerias Vittorio Emmanuelle. O castelo Sforzesco, com o seu museu. Sim, naquele dia fiz a típica passeata turística, acompanhado do meu novo amigo brasileiro. A noite foi bem passada. Conhecemos mais uma série de brasileiros, hospedados na nossa pousada. Muita conversa leve, risos, juras de amizade futura. Não fiz a barba nesse dia, para não reabrir a ferida que tanto tempo demorou a estancar. Sentia-me sujo, apesar de ter acabado de tomar banho. E voltavam as nuvens cinzentas. No dia seguinte o meu amigo partia. Eu não sabia o que fazer. Permanecer mais um dia, ir procurar de novo a Soledad? Partir, sozinho, para a Grécia? Voltar para casa. Sentia-me tomado de uma enorme angústia. O Robson deu-me uma leve palmada nas costas, quase um afago. Que tem você, que ar tão sombrio? Nada. Estou com sono. E cansado. Às 22 horas apagaram-nos as luzes, e dirigimo-nos às respectivas camaratas. Que faço? Para onde vou?

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