14.7.07

Bibliotheca II . Dostoiévski "Crime e castigo"

В начале июля, в чрезвычайно жаркое время, под вечер, один молодой человек вышел из своей каморки, которую нанимал от жильцов в С-м переулке, на улицу и медленно, как бы в нерешимости, отправился к К-ну мосту.
Достоевский, Преступление и наказание

O que estás a ler
Dostoiévski
O que é isso
É um escritor russo

Depois debruçava-se sobre mim e varria-me as costas com cabelos negros salgados. Havia areia. E maresia. Um conto de Dostoiévski. Não me lembro. Eu tinha de ler mais Dostoiévski. E tinha de aprender russo. Porque não queria intermediários. Para ler mesmo Dostoiévski. E Gógol. Tchékhov. Tolstói. Púchkin. Tenho ali um volume de contos de Tchékhov. Em russo. Para quando chegar o dia. Hei-de ter Crime e Castigo. Преступление и наказание. Porque não é a mesma coisa. Porque o som é diferente. E o ritmo.

Lês-me um bocadinho
Leio mas tu não vais gostar
Porquê
Porque não é para meninas da tua idade
Porquê
Porque há senhores feios e senhoras más
E fazem o quê
Porque é que tu gostas disso
Porque
Porquê
Está bem eu leio-te um bocadinho

Estava frio e eu aninhava-me debaixo de uma pilha de cobertores sentindo as febres de Raskólnikov.

Ela virava a cara e ria para a amiga. Depois pegavam nos baldes e faziam um buraco na areia. Eu ia baixando a voz e quando as achava completamente alheadas retomava a minha leitura silenciosa. Ela parava. Pousava o balde e lançava-me um olhar imperativo. Lê. Continua. Quando eu tinha quatro anos não gostava de Dostoiévski.

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Bibliotheca

Não são apenas os melhores livros que li. São aqueles que de alguma forma
deixaram marca na minha memória. Não são prólogos à maneira de Borges. Porque eu não sou Borges. Não são recensões. São memórias. Cheiros. Sons. Cores. São os livros da minha vida.

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