18.7.07

Domi militiaeque . 1 . Camuflado

[Géricault - Soldados feridos retirando da Rússia]

Ser inmortal es baladí; menos el hombre, todas las criaturas lo son, pues ignoran la muerte; lo divino, lo terrible, lo incomprensible, es saberse inmortal.
Jorge Luis Borges, El inmortal


Bate bate e a pele suada do Sol doido quente que me torra dentro do camuflado. Camuflado. E eu que nem fui à tropa.

O senhor sabe que existe uma unidade especial. Os Comandos. Já pensou nisso? Já pensei sim. Mas eu não quero o meu corpo de comando nos Comandos. Eu quero o meu corpo de comando fora do quartel. A rebolar numa sala de aula ou dobrado sobre um livro. Porque diga-me o senhor: que vou eu fazer na tropa? Há um amigo meu, o senhor não conhece, não adianta dizer-lhe o nome, que me faz rir muito quando me imagina a levar os recrutas em marcha pachorrenta para debaixo de um plátano, cada um com o seu Fedro debaixo do braço. O senhor já me imaginou a platonizar com os recrutas debaixo de um plátano? É de rebentar de tanto rir. Ora essa, não é nenhuma palavra feia, não é nada disso que o senhor está a pensar. Eu nem sequer gosto de fardas. Platonizar. Ora pegue lá num dicionário. Isto não disse. Pensei. Porque àqueles senhores não se dizem estas coisas. O que eu disse foi. Não. Eu quero quero o exército. É mais rápido, não é? É. Seja o exército, então.

Sem comentários: