7.6.07

Die Verwandlung

[Manuscrito de O Processo]

Als Gregor Samsa eines Morgens aus unruhigen Träumen erwachte, fand er sich in seinem Bett zu einem ungeheueren Ungeziefer verwandelt. Er lag auf seinem panzerartig harten Rücken und sah, wenn er den Kopf ein wenig hob, seinen gewölbten, braunen, von bogenförmigen Versteifungen geteilten Bauch, auf dessen Höhe sich die Bettdecke, zum gänzlichen Niedergleiten bereit, kaum noch erhalten konnte. Seine vielen, im Vergleich zu seinem sonstigen Umfang kläglich dünnen Beine flimmerten ihm hilflos vor den Augen.

Franz Kafka, Die Verwandlung

Não sei como. Acordei e estava assim. Não não. Não era insecto. Isso seria tão mau. Não. Não seria mau ser insecto. Quer dizer sim sim. Não queria ser insecto. Seria mau. Mas o que eu queria dizer. Bom. Mau seria ter aquela epígrafe e depois dizer que me tinha transformado em insecto. Demasiado óbvio. Mas se fosse tigre. Ou então cobra. Ou morcego. Ou mocho. Mocho. Sim. Mocho. Bubo. Para voar de noite sem que me ouvissem. Bater as asas e pousar num tronco à beira da estrada. Silêncio. E virar a cabeça em ângulo impossível. Abrir os olhos largos. Fosse eu mocho. Como aquele. Naquela noite.

Aqui.
Pode ser aqui.
Vou estacionar.
Despacha-te.
Avisas.
Aviso.
Não sejas parvo.
Está descansado.

Crava-me os olhos largos. E eu deito o braço para fora da janela. Ai ai ai. A noite tão escura. E os olhos largos que me acusam me iluminam. E me tocam. Porque o braço não mexe. E era só estender e tocar-lhe. Ali tão perto. Mas pende. E a mão fecha e abre e arranha a porta. Eu disse que avisava. Ai ai ai. Olhos largos que me afagam o pescoço. Cuidado. Passar-me aquelas penas tão doces. Asas silenciosas. Como é que conseguem. Não me olhes assim. Como se eu. Ai ai ai. Cuidado.

Acordei e estava assim. Tudo tão claro. Assim. Não era insecto. Homem novo. 'Anâ radjulun djadîdun. Já escrevi isto. Déjà lu vu tu. Oh dear... Oh dear... Esfregava a quitina e olhava-me ao espelho. Homo nouus nouissimus. Depois vou sair à rua e sugar o café no sítio do costume. Sim sim sim. Café. Ou chá. Tanto faz.

Não sei. Fechei os olhos e quando olhei já não estava. Tinha voado em silêncio. Não fazem barulho. Para não serem ouvidos pelas presas. Está um rato um esquilo um arganaz eu sei lá descansado tranquilo a viver a sua vidinha de roedor rói rói. E de repente vem um mocho e come-o. Pronto. Acabou-se.

Calmante. Apetece-me estender as pernas. Ficar aqui até ser dia. Passando-te a mão pelos cabelos. Assim assim. Há pouco quase tos arrancava. Percebes. Mas eu avisei. Agora devagarinho. Afagar-te a cabeça. Já chega. Não podes ficar aí a noite toda. Era mesmo só para. Eu disse-te. Já sabias. Braço para dentro. De repente ficou frio. Vamos embora.

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