2.6.07

Epistolário XVI



«I sat on the lavatory a long time and decided then not to move till I had planned what to do next. I remained there over two hours, staring at my knees till they lost their meaning as limbs. I thought of cutting my fingernails, that would be a start. But I had no scissors! I commenced to prowl from room to room once more, and then, torwards the middle of the evening, I fell asleep in an armchair, exhausted with myself.»
Ian McEwan, Psychopolis

Ρ.Α. ao seu André.

Quid plura. Já percebeste tudo. Não é preciso falarmos mais disto. Já sabias. Já te tinha dito. Só histórias. It's not you, it's me. Bullshit. Porque é que as pessoas inventam. Tu não inventaste quando. E doeu. Tu sabes. Não não a verdade não dói mais. Quem o disse nunca foi ferido pela mentira. Mas olha o lado bom. Tu olhas sempre o lado bom. Agora já sabes. Não há razão para mais sofrimento. Porque agora já sabes. Não te merecia. Não és tu quem fica a perder. E não voltemos a falar disto. Morreu. Status indifferens. Quid plura.

Pega na vida. Pega em ti. Já te vejo queixo erguido costas direitas. Olhos abertos. Não olhes para baixo. Não olhes para trás. Não te agarres a mim. Eu morri. Não te posso dar. Tu sabes. Digo-to a cada carta enviada. Mas tu não me ouves. E continuas deitado na minha sepultura. E não percebes que foges do mundo. Que também tu escolhes o mais confortável. Andas a perder tanto tanto. Enquanto te agarras a mim morto há uma vida que te passa ao lado. E vais passando tu ao lado de tanta gente que te merece. Quid plura.

Eu estava lá na tua memória. Eu senti. Eu senti-te. Tu sentiste.

Adoro-te.

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