إذا رأيت نيوب الليث بارزة فلا تظنن أن الليث يبت
(Se vires os dentes do leão isso não significa que ele esteja a sorrir)
a E.
Embora dos Estados Unidos. Da avenida. Não dos. Porque aos eu nunca fui. Muito menos de autocarro. Cheirava mal. Eu. Não o autocarro. O autocarro cheirava a pessoas lavadas. E a metal suado. Porque não tomei banho. E a noite foi tão. Não sei. Se calhar não cheiro. Está tudo na minha cabeça. É que não podia tomar banho. Clandestino. Se ela me apanhasse. Não podias levar ninguém. Quarto alugado. Não casa. Sim podias usar a casa de banho. Mas tu. Eu não.Em silêncio. Como é que se beija em silêncio. Como é que. Mordendo os lábios agarrando os lençóis com garras curtas. Estavam a dizer qualquer coisa mas eu não estava a ouvir. As senhoras sentadas ao meu lado. No autocarro. Não na tua cama. Porque na tua cama só nós. Em silêncio. Sem luz. A luz da avenida. Só essa. Enquanto te despias e eu já deitado despido. O teu perfil contra a janela. Deitava-te os olhos e corria-te o corpo. Sem mãos. Ao longe. Enquanto estendias os braços num bocejo falso. Mexia-me na cama impaciente. Eu. Não a cama. Pois claro. Uma cama não se impacienta. Muito menos esta. Que não terá grandes chatices. Porque. Silêncio. Tudo em silêncio. Dois corpos quentes colados suados. Parados. Movendo só o que tem mesmo de ser movido. Porque se sai um gemido mais forte. Ou um ranger rangido. Se ela nos apanha.
Daqui vê-se a janela do teu quarto. Enquanto não chega o autocarro. Posso ir olhando. O calor do teu corpo contra o meu. As mãos que te percorrem. Silêncio suado. Trancado no quarto secreto. Há uma cova no meio do colchão. Um vale para onde caímos mesmo sem querer. Mas nós queremos. Eu quero. Tu. Às vezes parece que. Não sei. Aquele bocejo falso.
Há estas senhoras que dizem sei lá não sei. Já não as ouço. Tenho de te ver. Saber se. Porque às vezes parece que. Não. Mas ainda hoje estava tudo tão bem. Alguma coisa que eu disse. Ou que fiz. Não fiz. Diz-me lá. E agora quando é que. Se eu pudesse mandar parar este autocarro. Tocar-te à campainha. Não pode ser. Tenho sempre de subir contigo. Não podes ter visitas. Muito menos visitas destas. Não te posso tocar à campainha. Porque se ela nos apanha. Nem bater à porta. Mas se eu pudesse. Para ter a certeza. Porque agora. Agora quando nos vemos. Mais logo na faculdade. Não chega. Preciso de ti. De te abraçar. De te. Por favor. Maldito autocarro. Maldita avenida.
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