4.6.07

Graal II . Aonde quiseres


Contra a noite, depois de vésperas, quando se assentarom aas mesas, ouvirom vĩir ũũ trovam tam grande e espantoso que lhes semelhou que todo o paaço caía. E logo depois que o torvam deu, entrou ũa tam grande claridade que fez o paaço dous tanto mais claro ca era ante.
A Demanda do Graal, 25
(tradução portuguesa do século XIII)


Não controlo olhos nem mãos. Quando te vejo. Sim sim o Graal. Sem palavras para te lançar. Porque o teu riso diz. Mas desdiz. Como tu. Ambíguo. Esses olhos verdes. Eu nunca gostei de. Mas os teus. Desarmado.

Queres vir comigo.
Aonde.
Procurar o Graal.
Aonde.
Aonde quiseres.

O riso. Não te saía dos lábios. E eu não sabia o que me estavas a dizer. Et excruciabar. Porque eu ia. Sim sim o Graal. Aonde tu fosses eu ia.

Pode estar num castelo. Já imaginaste nós dois num castelo alemão ou escocês ou inglês ou francês eu sei lá. Num castelo. Longe de tudo. E nós agachados agarrados em passagens apertadas. Como é que achas que. Será uma taça de ouro. De madeira. Ou de pedra. Não interessa. Eu gostava que fosse de pedra. Como tu.

Deitado tu no parapeito da ponte de pedra. Eu de pé. Cabeça posta no rio. Coração em ti. Ardente. Calados os dois batidos pelo bafo da planície. Fim de tarde que não se finava. Laranja o céu a água. E havia aquele silêncio abafado das tardes de Verão. Depois perguntaste. Não sei. Não me lembro. Embalado pelo baixo da tua voz. Ouvia-te. Mas não te entendia. Nunca te entendi. E eu não respondi e fiquei a olhar-te o verde dos olhos.

Sim eu sabia sim.
E ainda assim.
Ainda assim.
Mas se assim.
Eu sou assim.

1 comentário:

ritagrama disse...

A DEMANDA ou

MARGARITA E O MESTRE
de Mikhail Bulgakov



Exercício-Espectáculo dos alunos do 2º ano da Escola de Artes e Ofícios do
Chapitô.

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De 4 a 10 de Junho, todas as noites às 22.00 h, em Lisboa -
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