in lectulo meo per noctes
quaesiui quem diligit anima mea
quaesiui illum et non inueni
Cant. 3, 1
O teu cheiro banha-me o quarto. Doce. Não sei se nos lençóis. Que já não são os mesmos. Se no ar morno que me envolve na noite. Há bocados de nós lançados por toda a parte. Recordações mornas. O calor do teu corpo ainda me embala sereno o sono. Estendo esquecido tantas vezes os braços à procura de ti. Para te envolver de novo em abraço sem fim. Mas lembro-me. E acordo e cobre-se-me o coração de dor. E choro de novo na almofada cansada de mim.
4 comentários:
Hélas!
Deverei eu- modesta testemunha deste Livro de Horas- deverei eu entender que se descortinam possibilidades de navegação aí pros lados do pântano?
Que Sebastião-O-Trespassado lavou os olhinhos pela manhã, cansado da almofada?
Que -
Oh Maravilha!-
viu em sonhos o raio verde visto
por Tchékov-O-Sublime?
Que- Oh Maravilha!- gostaria de ir ver A Gaivota,-sublime- pela Cornucópia, dia
10 do corrente mês, no Teatro Municipal de Almada? Eu não posso ir.
Tenho dois bilhetes disponíveis.
Saúda-se o regresso do mar, Adriático.
Hélas não. Não há esperança no pântano sozinho. Mas não deixo de sonhar. Com o passado. De sonhar com um futuro que me garantem não vai chegar. E eu conformo-me. Porque já me conformei. Mas não deixo de sonhar. Sonharei até morrer.
Estava a pensar ir a Almada ver sim. Era uma oportunidade para bebermos um café ou qualquer coisa.
Estou presa num Lugar de onde não posso sair tão cedo.
Não posso tomar o café.
Não posso qualquer outra coisa.
Tens os teus bilhetes - dois - marcados em teu nome na bilheteira do TMA.
Acredito nesta coisa estúpida,anacrónica.
Vozes comunicantes.
Vozes.
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