18.5.07

Noite escura

[Pieter Bruegel o Velho - A queda dos anjos rebeldes]

a C.


Já contei isto mas conto outra vez. Porque de cada vez que conto a mesma coisa é como se contasse pela primeira vez. E as recordações são sempre as mesmas mas mudam porque eu mudo. E aquilo que ontem era eu hoje não é. E talvez amanhã.

Noite escura tão. Na sala pequena. Música doce abafada retumbando no meu peito. Que a tua mão tímida. O teu vulto esbatido ao meu lado. E aquele cheiro a quente. Tão doce. Havia uma janela por onde entrava luz quase nenhuma. Doce doce.

Manhã molhada da chuva e do vento. Os meus braços enrolados nos teus. Quentes e eu não queria sair dali.

E às vezes também queria chegar a casa. E ver-te.