Cortaram os trigos. Agora
A minha solidão vê-se melhor
Sophia de Mello Breyner Andresen
A minha solidão vê-se melhor
Sophia de Mello Breyner Andresen
Não se perde não o que não se tem. Nunca. É que às vezes. Viste a cena final. Não viste. Estavas a olhar para onde. Ela chega-se ao parapeito da ponte. Debruça-se. E depois passam carros e carrinhas e a gente deixa de a ver. E quando voltamos a vê-la ela já não está lá. Nunca esteve. Eu olhei e tu estavas ali. E depois fechei os olhos por um instante. E um dia eu vou abri-los de novo e descobrir que tu nunca estiveste. E agora adeus. Porque eu fechei os olhos por um instante um instantinho.
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