9.5.07

A névoa

[Piranesi - Carceri d'Invenzione]

Sozinha estou entre paredes brancas

Pela janela azul entrou a noite
Com o seu rosto altíssimo de estrelas.
Sophia de Mello Breyner Andresen

Suave abate-se sobre mim névoa química que me alivia a alma. Refrigério querido. Cabeça pesada custa tanto levantar-te. E o peito apertado. Já estava. Agora menos. Pálpebras esmagadas contra olhos ardentes. Faltam-me as forças para. Levantar-me e cair sobre a cama. Já não ler. Braços dormentes. Vinte e oito quilos levantados hoje. Mas não é disso. E o tecto a baixar-se a cair sobre o peito. Não sentir nada. Resolver. Tão fácil. Mais um. Só mais um. Já não sinto. Ataraxia. Falsa. Porque amanhã acordo pregado à cama e lanço os cobertores sobre a cabeça e maldigo o dia e vou querer adormecer e não voltar a acordar. Outra vez. E se.

2 comentários:

Eliseu Raphael Venturi disse...

as prisões do piranesi tem portas e janelas de saída.

André . أندراوس البرجي disse...

De nada serve porta e janela quando não se cabe nelas para sair.