19.5.07
Miser Catulle desinas ineptire
Pobre Catulo, deixa-te de loucuras,
e o que vês finado considera-o perdido.
Luziram-te outrora sóis brilhantes,
quando ias e vinhas para onde te levava uma miúda,
amada por mim como nenhuma outra será amada.
Então tantas brincadeiras havia,
que tu querias e a miúda não dizia que não.
Luziram-te sem dúvida sóis brilhantes.
Agora ela já não quer. Tu, delirante, não queiras também,
nem corras atrás de quem foge, nem vivas infeliz,
mas sofre de ânimo firme e endurece.
Adeus miúda, já Catulo endureceu,
e não te procurará nem te implorará contrariada.
Mas tu lamentarás, quando ninguém te procurar.
Ai de ti, desgraçada, que vida te resta?
Quem se chegará agora a ti? A quem parecerás bela?
Quem amarás agora? De quem dirás ser?
Quem beijarás? De quem morderás os lábios?
E tu, Catulo, determinado endurece.
(Catulo, carme 8)
miser Catulle desinas ineptire
et quod uides perisse perditum ducas
fulsere quondam candidi tibi soles
cum uentitabas quo puella ducebat
amata nobis quantum amabitur nulla
ibi illa multa cum iocosa fiebant
quae tu uolebas nec puella nolebat
fulsere uere candidi tibi soles
nunc iam illa non uult tu quoque impotens noli
nec quae fugit sectare nec miser uiue
sed obstinata mente perfer obdura
uale puella iam Catullus obdurat
nec te requiret nec rogabit inuitam
at tu dolebis cum rogaberis nulla
scelesta uae te quae tibi manet uita
quis nunc te adibit cui uideberis bella
quem nunc amabis cuius esse diceris
quem basiabis cui labella mordebis
at tu Catulle destinatus obdura
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1 comentário:
Pobre Catulo, não te faças mais de bobo:
Dês por perdido, o que perdido tu já vês.
Um dia o sol por ti brilhou tão claro e forte,
Quando tu irias, se o levasse tua amada,
Que foi amada como mais será por nada,
E assim tiveram seus momentos, bons e muitos,
De que gostavas e ela, enfim, não desgostava.
Mais nada quer, nem deves tu, de mente escrava,
Correr atrás de quem te afasta ou viver mísero,
Mas suportar com mente firme teus fortuitos.
Adeus, garota, já Catulo se fez forte,
Não pedirá, nem a você procurará,
Mas quando a todos for-lhe assim, lamentará.
Ó pobre tola, que será de sua vida?
Quem a verá? Quem achará você bonita?
Quem amará? De quem amada será dita?
Quem beijará? Lábios de quem irá morder?
Mas tu, Catulo, mente firme e decidida!
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